Um escritor não tem de necessariamente viver em solidão,mas a solitude é primordial.Momentos de retiro para trabalhar são fundamentais.Basta lembrar Marcel Proust.Após viver todos os aspectos da mundanidade,afastou-se de tudo e de quase todos para compor a sua obra-prima EM BUSCA DO TEMPO PERDIDO. Evidentemente, num primeiro momento, precisava participar das atividades e dos meios que descreve e analisa para poder reelaborá-los em âmbito literário.Todavia,se não houvesse se recolhido em seu quarto a certa altura de sua vida,jamais teria escrito os seus livros.
Outro caso significativo é o de Emily Dickinsos,por muitos anos reclusa em casa ,escrevendo um poema por dia.E que poemas!Além disso,estava muito à frente do seu tempo para ser devidamente compreendida.
Só estes dois casos demonstram o quanto este recuo permitiu um olhar profunda e amplo,possibilitando a criação de obras únicas e originais na história da literatura.Grandes escritores,não raro,viveram á margem da sociedade.O que nem sempre é regra,diga-se de passagem.
Henry James, ao elaborar várias histórias a respeito de escritores, abordou a questão no conto A MORTE DO LEÃO, em que um autor é praticamente destruído por causa de sua própria celebridade.
Mais recentemente,casos notórios como J. D. Salinger e Rubem Fonseca mostram que tal solitude influenciou a qualidade de seus trabalhos.
Parece muito difícil realizar tal feito hoje em dia,quando exige-se exposição contínua , há tantos eventos literários e o escritor tem de estar na lista dos mais vendidos a qualquer custo.Eu diria,no entanto,que certo nível de solitude é necessário para o adequado desenvolvimento de uma obra literária.
Sim,estou fora de moda.
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